sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mamíferos já evoluíam antes da extinção dos dinossauros.

Um novo estudo sobre mamíferos indica que eles começaram a se diversificar muito antes do que se pensava. Isso teria sido há 80 milhões de anos, no período Cretáceo, e não como se pensava antes – acreditava-se que a maior diversificação dos mamíferos teria ocorrido logo após a extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos.

A pesquisa, liderada por Robert Meredith, do Departamento de Biologia da Universidade da Califórnia, analisou dados moleculares de 164 espécies de mamíferos, trazendo nova luz sobre como e quando eles se diversificaram e começaram a ocupar diferentes nichos ecológicos ao redor do planeta.

“Embora estudos anteriores tenham elucidado as relações entre os mamíferos, este é o primeiro a examinar as relações e os tempos de divergência entre as famílias de mamíferos usando uma reunião de dados de um grande número de genes diferentes”, disse Meredith ao iG.

Segundo Mark Springer, coautor do estudo publicado na revista Science nesta quinta-feira (22), os resultados sugerem a ocorrência de dois eventos na história da Terra que atuaram de forma importante na diversificação dos mamíferos.

“O primeiro deles foi a radiação de plantas com flores durante a Revolução Terrestre do Cretáceo, que muito provavelmente impulsionou uma importante diversificação taxonômica dos mamíferos cerca de 80 milhões de anos atrás. E a segunda teria sido a abertura de um espaço para a aceleração da diversificação morfológica dos mamíferos após a extinção dos dinossauros”, afirmou Springer, do Departamento de Biologia da Universidade da Califórnia.

O boom dos mamíferos – Segundo o novo estudo, o grande momento de diversificação dos grupos de mamíferos não teria sido após a extinção dos dinossauros, e sim antes.

Os mamíferos têm a mesma idade que os dinossauros, mas a ideia que se tem é a de que teriam apresentado pouca diversidade durante muito tempo, de acordo com Eduardo Eizirik, da Faculdade de Biociências da PUC-RS, coautor do estudo publicado na Science. Foi durante seu trabalho de doutorado no Laboratório de Diversidade Genômica dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, em Maryland, que Eizirik se uniu a outros colegas, incluindo o grupo de Mark Springer, para investigar a evolução dos mamíferos, resultando em uma série de estudos sobre este tema.

Por mais de 100 milhões de anos, os mamíferos teriam mantido uma estrutura bastante primitiva, perdendo na corrida com os dinossauros e só conseguido se diversificar expressivamente após a extinção deles. Mas o estudo apresentado agora prova que a equação não é tão simples assim. Há uma diversificação dos mamíferos anterior à extinção dos dinossauros.

“Os principais grupos de mamíferos já estavam formados antes de os dinossauros desaparecerem, e a diversificação entre os grupos teria ocorrido em lugares diferentes do planeta. Eles eram muito parecidos, mas já estavam formando linhagens próprias antes mesmo da extinção dos dinossauros”, comenta Eizirik em entrevista ao iG.

“Quando os dinossauros se extinguiram houve também diferenciação dos mamíferos, mas não tão intensa como ocorreu 15 milhões de anos antes. Nossos artigos anteriores já demonstravam que o pico da diferenciação teria sido anterior à extinção dos dinossauros, mas não detalhavam quando isso teria ocorrido. Agora, temos essa resposta”, completa.

Segundo Springer, o estudo fornece uma estrutura para muitas outras linhas de investigação, incluindo um roteiro para projetos futuros de sequenciamento de genomas. (Fonte: Tatiana Tavares/ Portal iG)
O RESUMO DO ARTIGO PODE SER VISUALIZADO EM:
http://www.sciencemag.org/content/early/2011/09/21/science.1211028.abstract

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Mudanças genéticas causadas pelo ambiente somem após gerações

Uma discussão tão antiga quanto a teoria da evolução de Charles Darwin ganhou novos rumos com a publicação de um estudo da Sociedade Max Planck de Biologia do Desenvolvimento, em Tübingen, na Alemanha. O artigo publicado pela revista científica “Nature” mostra que mudanças genéticas causadas pelo ambiente não se perpetuam nas espécies.

A equipe liderada por Detlef Weigel usou plantas do gênero Arabidopsis para determinar a frequência e a localização das chamadas mudanças epigenéticas – alterações no DNA provocadas pelo ambiente em que o ser vive. Dez linhagens da planta foram cultivadas separadas uma da outra, reproduzindo com autofertilização.

Após 30 gerações, eles encontraram 30 mil mutações. O esperado era que fossem mil por geração, mas quando os cientistas estudaram esses indivíduos perceberam que esse número ficava entre 3 mil e 4 mil. Diante disso, concluíram que muitas das alterações epigenéticas não eram estáveis e os genes voltavam ao estado original depois de algumas gerações.

A descoberta mostra que a influência das mudanças epigenéticas sobre a evolução é bem menor do que se imaginava. “Só quando a seleção vence essa anulação é que as epimutações afetam a evolução”, afirmou Jörg Hagmann, um dos autores da pesquisa. Essa mutação tem que ter uma vantagem evolucionária muito forte para se estabelecer e não ser perdida com o tempo. (Fonte: G1)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Grupo leva pontes para macacos à área urbana de Porto Alegre/RS

Voluntários em Porto Alegre (RS) irão instalar pontes para a travessia de animais silvestres na zona sul da cidade. Integrantes do Programa Macacos Urbanos – um grupo formado por biólogos, veterinários e outros defensores da natureza – irão pendurar sobre ruas do bairro Lami duas pontes que foram criadas para ajudar na movimentação de macacos bugios.

As duas novas estruturas vão se somar a outras sete que já estão em uso. Antes da iniciativa, os bugios eram atropelados, eletrocutados nos fios da rede elétrica ou atacados por animais domésticos. Apesar de pensadas para os macacos, as pontes também têm ajudado outros animais, como gambás e ouriços, de acordo com Renata Pfau, bióloga voluntário do programa.

Segundo ela, há registros fotográficos – feitos por câmeras escondidas – e também relatos de moradores sobre a utilização das pontes pelos animais. O grupo começou a instalação das estruturas em 1995 e depende, principalmente, da venda de camisetas para conseguir recursos financeiros. O programa é vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a ação de domingo é aberta à participação da comunidade, começando às 14h na Estrada Passo da Taquara.

Vitória no Ministério Público – Além de criar alternativas para a travessia de animais em zonas urbanas, o grupo de voluntários conseguiu obrigar a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) a encapar os fios elétricos que ameaçavam a vida dos bugios. Após abrir uma denúncia no Ministério Público por maus tratos aos animais com o argumento de que a companhia possuía a tecnologia necessária para evitar o eletrocutamento de animais, mas não a utilizava, a CEEE ficou obrigada a isolar os fios em todas as áreas onde há registro de morte, queimaduras ou perda de membros nos animais devido a choques elétricos.

Inspiração – O Programa Macacos Urbanos prestou consultoria ao Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, em São Paulo, que enfrentava um problema semelhante ao da zona sul de Porto Alegre. Bugios do Zoológico de São Paulo atravessavam uma grande avenida para circular entre o zoo e o parque e muitos foram atropelados na via. Hoje, duas passarelas conectam as áreas e ajudam bugios e preguiças a se movimentar com segurança. (Fonte: Portal Terra)

sábado, 17 de setembro de 2011

Energia extraída do sol da caatinga.

Um grupo de investidores quer construir na Paraíba, na área mais luminosa do Brasil, a primeira grande usina solar do país e da América do Sul.

A tórrida cidade de Coremas, no sertão da Paraíba, poderá se tornar em 2012 um nome tão familiar aos brasileiros quanto Itaipu ou Angra – bem, talvez não tão famoso, mas certamente mais admirado pelos ambientalistas. O município de 15 mil habitantes, localizado num ponto especialmente quente do sertão nordestino, foi escolhido por investidores como local de construção da primeira grande usina solar do país. “Grande”, entenda-se, para os padrões ainda modestos do universo da energia solar: o projeto prevê capacidade inicial de 50 megawatts, suficiente para abastecer 90 mil residências.

O complexo nuclear de Angra tem capacidade quase 70 vezes maior. Mesmo assim, a obra em Coremas será um marco, por colocar (ainda timidamente) a energia solar no mapa da geração em grande escala no Brasil. A princípio, a usina poderá participar, até abril, dos leilões periódicos de energia que garantem o suprimento do país para o resto da década. As obras deverão começar no próximo ano e terminar até 2015.

Até hoje, o uso da luz solar para produzir eletricidade recebe mais elogios que investimentos. Trata-se de uma fonte inesgotável e limpa, que não emite resíduos, não exige desmatamento, alagamentos ou desvio de curso de rios, nem assusta com a possibilidade de vazamento de radiação. Com tantos predicados, ela nem aparece nos gráficos que mostram a contribuição de cada fonte de energia nos totais de geração global ou brasileira. A situação tende a mudar um pouco até 2020, quando a luz do sol deverá responder por 51 terawatts de capacidade geradora no mundo inteiro – um décimo da capacidade das usinas eólicas (que produzem energia a partir do vento) e 0,2% do total global, segundo previsões do Ministério de Minas e Energia. A energia solar passaria então a ser um risquinho visível nos gráficos. “A viabilidade econômica ainda é um problema, mas seria bom o Brasil contar mais com essa fonte. A tecnologia a ser usada funciona”, diz o físico José Goldemberg, ex-secretário nacional de Ciência e Tecnologia e especialista em energia.

A tecnologia prevista para Coremas é bem diferente dos tradicionais painéis fotovoltaicos, as chapas que transformam a luz solar em corrente elétrica e podem ser vistas em telhados, postes, pequenos dispositivos eletrônicos e também na Usina de Tauá, no Ceará – atualmente, a maior solar do Brasil, obra do empresário Eike Batista, com capacidade de 1 megawatt. Coremas se baseia em outro processo, de concentração de energia, também chamado heliotérmico: espelhos côncavos concentram os raios solares em um tubo, por onde passa um fluido especial, de tecnologia israelense. O fluido, aquecido a centenas de graus, corre pela tubulação até uma caldeira, transforma a água em vapor e o vapor move as turbinas. Há pelo menos dez usinas similares em construção ao redor do mundo. A maior obra já em andamento, três vezes maior que a brasileira, fica em Lebrija, na Espanha. O maior projeto em estudo, oito vezes maior que o de Coremas, prevê uma usina no Deserto da Califórnia, nos Estados Unidos.

A obra tem sentido do ponto de vista técnico, por produzir energia limpa numa área infértil, que dificilmente seria usada para outro fim econômico, e onde é relativamente fácil administrar o risco e o impacto ambiental – situação bem diferente do que ocorre com o aproveitamento de rios para geração hidrelétrica e com os projetos de geração nuclear. Os empresários responsáveis pelo projeto, todos do setor financeiro, trataram de aumentar seu apelo ambiental. Querem garantir a produção de energia à noite com a queima de restos de coco, o que pode diminuir o volume desse resíduo na região (a produção anual na região é de 300.000 toneladas). Além disso, os painéis concentradores de energia seriam colocados a 3 metros do chão, para formar uma estufa sombreada de 60 hectares. “Dá para plantar com alta produtividade ali, isso já foi comprovado nos Estados Unidos. Seria um benefício adicional para a região”, diz Sergio Reinas, um dos sócios da Rio Alto Energia, dona do projeto de Coremas.

As ideias são boas, mas ainda não garantem a viabilidade do projeto, com custo estimado em R$ 325 milhões (R$ 15 milhões já investidos pelos sócios) e à espera de financiamento. “A energia solar não vingou até hoje no Brasil porque custa muito e a hidrelétrica é barata, tem saído por R$ 80 por megawatt-hora”, diz o economista Alexandre Rands, professor da Universidade Federal de Pernambuco e especialista em economia do Nordeste. “Para ser lucrativa, uma empresa de energia solar precisaria oferecer energia a uns R$ 140 e manter baixos os custos de manutenção.” O megawatt-hora a partir da luz solar ainda custa pelo menos R$ 200, o dobro do preço cobrado pelas fontes eólicas, a grande estrela do momento na geração limpa. “Mas é importante lembrar que a energia eólica custava R$ 150 há dois anos. Quando o negócio começa a se tornar atraente, mais gente entra e o preço cai”, diz Álvaro Augusto Vidigal, outro sócio da Rio Alto. A população de Coremas já comemorou a venda de terrenos. Com um pouco de sorte, o resto do Brasil também poderá celebrar a novidade.
Fonte: Revista Época

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Um matador de onças a menos no Pantanal Sul Matrogrossense.

Polícia ambiental prende suspeito de caçar onças no Pantanal em MS.

Um homem foi preso nesta quarta-feira (14), em Porto Murtinho, a 454 quilômetros de Campo Grande, suspeito de caçar onças na região, localizada no Pantanal sul. Segundo a polícia, ele disse que teria sido contratado por produtores rurais e recebia R$ 1 mil por serviço. Foram apreendidas peles de três onças-pintadas, uma onça parda e uma jaguatirica.

A PMA informou que havia recebido denúncias de que um homem se apresentava a moradores na região de Porto Murtinho como caçador de onças e que teria sido contratado por fazendeiros. A polícia começou a investigar e encontrou o suspeito, em uma fazenda distante 62 quilômetros do município.

O suspeito, de 39 anos, mora em Bodoquena, a 260 quilômetros de Campo Grande e foi encontrado enquanto conduzia um trator em estrada vicinal. O homem confirmou que era caçador. Com ele, foi apreendida a pela de uma onça pintada, medindo aproximadamente 2,18 metros, abatida há pouco mais de dois dias.

Segundo a PMA, o homem disse que havia caçado ainda outros quatro animais e indicou onde havia escondido as peles, em um canavial. O material foi encontrado e confiscado, além da cabeça de um felino.

O suspeito explicou que matava os animais em sistema conhecido como jirau, em que fica à espera do felino, no alto das árvores e o atraía com uma isca.

Os restos dos animais e o trator foram apreendidos. O suspeito foi levado para a Polícia Civil de Porto Murtinho para esclarecimentos e liberado. Ele foi multado em R$ 50 mil pelo crime ambiental de abate de animais, pena prevista de seis meses a 1,5 ano de detenção, já que os animais constam da lista de espécies em extinção.

De acordo com a PMA, caso seja caracterizada a prática de caça profissional, a pena é triplicada, chegando a quatro anos e cinco meses de detenção. O suspeito já foi denunciado anteriormente por porte ilegal de arma. (Fonte: G1)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Foca albina excluída do bando é resgatada na Rússia

O animal raro foi salvo por uma equipe de um santuário marinho.
O filhote era quase cego e não iria sobreviver sozinho na natureza.

Foca solitária em ilha na Russa (Foto: Carters News Agency)Filhote de foca albina não se aproximava do grupo (Foto: Carters News Agency)

Um fotógrafo russo ajudou a resgatar um filhote de foca albina na ilha de Tyuleniy, no oeste do Pacífico, na Rússia. Anatoly Strakhov encontrou o filhote escondido entre pedaços de madeira na praia. “Quando o vi, sabia que ele era diferente, ele tinha uma cor muito estranha e não era como os outros dois irmãos pretos”, disse Strakhov ao jornal “Daily Mail”.

O fotógrafo percebeu que o animal era excluído pelo bando. “Eu fiquei meia hora fotografando e estava satisfeito por poder fotografar um animal tão raro”, disse Anatoly. “E vi que o filhote não estava brincando com os irmãos, só estava se escondendo e esperando por sua mãe para vir alimentá-lo”.

O filhote é portador de uma rara mutação genética. Por ter olhos claros, a foquinha era quase cega e não iria conseguir sobreviver sozinha na natureza. O filhote foi resgatado pela equipe do Santural Nacional de Gweek, no Reino Unido, que estava na região estudando golfinhos com o fotógrafo.

“Existem muitas variações da cor dentro de espécies de focas. Mas não há como negar que é raro ver um filhote de foca com o pelo tão claro e com olhos azuís. Eu nunca vi uma foca assim antes”, afirmou Tamara Cooper, chefe da equipe que fez o resgate do filhote solitário.
Fonte:g1.globo.com

sábado, 10 de setembro de 2011

Rato farejador de minas terrestres

Um projeto desenvolvido na Colômbia treina ratos de laboratório para encontrar minas terrestres, enterradas em áreas que cobrem mais de 70% do território do país.
Como os roedores são extremamente leves, eles não detonam os explosivos com o peso do próprio corpo, podendo substituir cães e homens na tarefa de encontrar as minas antipessoais.
O estudo, iniciado há quatro anos no Laboratório de Comportamento Animal da Escola de Pós-Graduação da Polícia Nacional da Colômbia, em Bogotá, mostra que os camundongos precisam treinar por três meses até ficar aptos a encontrar as minas.
A veterinária Luisa Fernanda Méndez, idealizadora do projeto, disse à BBC Brasil que a ideia surgiu com a necessidade de acelerar o processo de desativação de minas na Colômbia, primeiro colocado no ranking de minas terrestres depositadas no mundo.
"Existem explosivos e bombas enterradas em 78% do território colombiano e, como ratificamos a Convenção de Ottawa (que proíbe minas terrestres), temos de avançar na missão de desativar as minas no país", diz Luisa.
Atualmente, segundo ela, este trabalho é feito por cães policiais treinados e por militares, que muitas vezes detonam os artefatos somente ao tocá-los, e acabam feridos ou mortos.
Entre 2006 e 2010, 23 cães e 220 soldados foram mortos ou feridos pelas minas. Assim, Luisa tomou como exemplo uma pesquisa realizada com roedores da Tanzânia, usados para encontrar bombas, para criar uma opção para desativar os explosivos.
Ela afirma que o modelo não deu certo no país africano devido ao peso dos roedores, que tinham em média 750 gramas - um artefato pode ser ativado com mais de 500 gramas de contato por pressão ou arrastamento.
"Começamos a pensar em um animal capaz de seguir instruções e de rastrear. Tentamos ratos silvestres, mas devido à cor, os perdíamos facilmente no ambiente natural. Depois tentamos gatos, mas obtivemos êxito com os ratos brancos", diz.
"Em média, (os camundongos) encontram as minas em 86% das buscas, sendo que alguns alcançam a marca de 95% de acertos e não detonam os explosivos porque pesam cerca de 450 gramas", afirma Luisa.
Socialização
O trabalho de adestrar os ratos para encontrar as minas já começa nas primeiras horas de nascimento. Luisa e seu assistente, o subtenente Erick Guzman, participam de todo o processo e colocam nomes nos ratinhos já nas suas primeiras horas de vida.
"Nós os chamamos pelos nomes – Sofia, Matteo e Paco, por exemplo – e ficamos em contato direto, para que se acostumem aos seres humanos", diz a veterinária.
Além disso, o laboratório tem dois gatos, que no início foram usados para "demarcar território" e impedir a entrada de outros gatos que vivem nas redondezas e que entravam no local para atacar os ratos.
A integração entre os felinos e os ratos é tão grande que eles também participam das atividades de treinamento dos pequenos filhotes.
"O ambiente é o mais adaptado possível às condições externas, e os ratinhos fazem visitas aos escritórios do centro de treinamento para se socializar. Esse é o primeiro passo para que eles não se sintam estressados ou desconfortáveis", diz a pesquisadora.
Treinamento
A primeira parte do treinamento é feita com os filhotes em labirintos dentro do laboratório e depois em campo aberto. A etapa seguinte é feita em campo aberto, em um ambiente simulado.
Os camundongos são treinados para encontrar os sete tipos de artefatos e explosivos mais comuns na Colômbia. Os roedores são ensinados a buscar as minas por meio de comandos de voz.
"Isso é feito a até 10 metros de distância entre nós e os ratos, o ideal para ter segurança na atividade no ambiente real", diz a veterinária.
Segundo ela, quando os camundongos encontram a mina, ficam quietos e esperam pela recompensa: um torrão de açúcar.
Quando os ratos encontram as minas, segundo Luisa, as equipes especializadas têm uma média de 4 a 5 minutos para desarmar os artefatos.
A primeira experiência com minas ativas e em ambiente real será feita em dezembro deste ano.
Bem-estar animal
A veterinária brasileira Ekaterina Botovchenco Rivera, membro ad hoc da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), considera este trabalho um bom exemplo.
"A balança tem que estar em quase equilíbrio, pesando mais para o bem-estar dos animais. Aqui nós vemos a busca desse bem-estar, na proposta de substituir o cão, que sofre, por outra espécie que poderá não ser vitimada", disse Rivera à BBC Brasil.
A especialista também elogiou o modo como é realizado o treinamento, por meio da recompensa positiva, fazendo com que os animais colaborem de forma espontânea.
Fonte:IG

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Estudo genético com lagartos pode ajudar a decifrar a evolução humana.

Esta matéria é uma sequência da matéria que foi publicada ontem neste blog, para entender melhor aconselho a leitura da matéria que esta logo abaixo para depois ler esta.

Um estudo publicado nesta quarta-feira (31) na revista “Nature” afirma que pesquisadores dos Estados Unidos desvendaram o genoma do lagarto anole-verde, fato que vai ajudar a descobrir o que há de semelhante entre o genoma humano e dos répteis, desde que os ancestrais dos dois grupos se separaram, com a evolução das espécies, há 320 milhões de anos.

Os elementos “não codificados” do genoma humano são um dos principais pontos da pesquisa. São regiões que permaneceram inalteradas por milênios, mas que não possuem genes codificadores de proteínas, ficando inativos. Uma das grandes dúvidas dos cientistas é de onde surgiram esses elementos no DNA dos humanos.

Uma das hipóteses é que eles sejam resquícios de “elementos de transposição”, trechos do DNA que são capazes de se movimentar de uma região para outra dentro do genoma de uma célula. Nos seres humanos, muitos desses genes perderam sua capacidade de salto, ou seja, de transposição. Porém, em lagartos anoles eles continuam ativos.

“Os anoles são uma biblioteca viva de elementos de transposição”, diz Jessica Alföldi, co-autora da pesquisa, realizada pelo Instituto Broad da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT), nos EUA. Nos seres humanos existem cerca de 100 elementos não codificados, que são derivados desses genes “saltadores”. “Nos lagartos esses elementos continuam saltitando, porém a evolução os tem usado para seus próprios fins em algo diferente nos humanos”, afirma Jessica.

Adaptação – O estudo também pode ajudar a compreender como as espécies de lagartos evoluíram nas Grandes Antilhas, no Caribe. Tal como os tentilhões de Darwin, as aves que por suas características diferentes de bicos, inspiraram o cientista inglês a escrever “A Origem das Espécies” (1859) e a elaborar a teoria da evolução, os lagartos anoles são adaptados para preencher todos os nichos ecológicos da ilha.

Alguns possuem as pernas curtas e podem caminhar ao longo de galhos estreitos; outros são de cor verde com almofadas no dedão, adequadas para viver no alto das árvores; outros são amarelos e alguns podem viver na grama, e não em árvores. Porém, uma diferença em relação às espécies estudadas por Darwin estes lagartos é que os anoles evoluíram de quatro diferentes formas, nas ilhas de Porto Rico, Cuba, Jamaica e Hispaniola.

O lagarto anole-verde é nativo do Sudeste dos Estados Unidos e é a primeira espécie de lagarto com o seu genoma totalmente sequenciado e montado. Muitos pesquisadores mapearam mais de 20 genomas de mamíferos, mas a genética dos répteis ainda é relativamente inexplorada. (Fonte: Globo Natureza

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Genoma de lagarto explica evolução dos vertebrados.


O genoma de um dos primeiros répteis da terra, o lagarto Anolis verde (Anolis carolinenesis), foi decifrado, o que permite compreender melhor a evolução dos mamíferos e de outros vertebrados, cujos ovos se adaptaram à reprodução fora do ambiente marinho, segundo estudo publicado na revista científica Nature, nesta quarta-feira(31/08).

O aparecimento “do ovo amniótico”, que contém o líquido necessário para o desenvolvimento do embrião, foi “uma das maiores inovações da história da vida”, que permitiu a conquista do meio terrestre, afirmam os cientistas encarregados da pesquisa.

Com ovos dotados de seu próprio micro-ambiente aquático, os vertebrados não tinham mais a necessidade de encontrar depósitos de água para se reproduzir.

Há 320 milhões de anos, os vertebrados “amniotas” se separaram em duas linhagens: mamíferos e répteis, aves incluídas.

“Às vezes é preciso tomar certa distância para aprender como o genoma humano evoluiu”, afirmou Jessica Alfoldi (Broad Institute, no qual estão associados a Universidade de Harvard e o MIT, dos Estados Unidos), principal autora deste estudo.

O genoma do lagarto Anolis verde norte-americano (Anolis carolinensis) contém 18 pares de cromossomos, dos quais 12 de tamanho pequeno (microcromossomos), como o cromossomo sexual X, que foi identificado.

Dessa forma, os cientistas descobriram muitos genes relacionados com a visão das cores nos lagartos, que podem perceber ultravioletas, diferentemente dos seres humanos.

A análise do DNA do lagarto também apresentou novos esclarecimentos sobre a origem de muitos elementos do genoma humano que não servem para codificar a síntese das proteínas.

Os cientistas supunham que estes elementos, inalterados há milênios, podiam provir de antigos “transposons” (ou elementos de transposição), ou seja, pequenos segmentos capazes de se mover dentro do DNA e que podem ter sido copiados em múltiplos exemplares no interior do genoma humano.

O gênero dos “Anolis é uma biblioteca viva de elementos de transposição”, destacou Jessica Alfoldi, afirmando que no lagarto, os genes “continuam saltando de um lado para o outro” dentro do genoma.

Comparando os elementos móveis do genoma do lagarto com o DNA humano, a equipe de cientistas descobriu que uma centena de elementos não codificáveis do genoma humano provêm desses “genes saltadores”. (Fonte: Portal iG)