segunda-feira, 5 de maio de 2014
Contagem descobre grande população de onças em região do MT
Pesquisadores do projeto Bichos do Pantanal estão fazendo a contagem de onças-pintadas que habitam todo o corredor pantaneiro na região de Cáceres (MT). Já identificaram 54 animais diferentes em uma faixa de 300 quilômetros às margens do rio Paraguai, próximo à Estação Ecológica Taimã.
Nas décadas de 70 e 80 as onças praticamente sumiram do bioma pantanal, por causa da intensa comercialização internacional de peles para a moda. “Fiquei muito surpreso com essa contagem, porque isso já pode ser considerada uma grande população desse felino que está aumentando nos últimos anos”, comemora o americano Douglas Trent, que é coordenador de pesquisas do projeto Bichos do Pantanal.
Segundo ele, ativistas ambientais tiveram uma função primordial para coibir a caça voltada apenas para a extração da pele e as pessoas de modo geral estão mais conscientes que biodiversidade é patrimônio. “A onça continua na moda, só que apenas o desenho delas e isso é muito bom!”
A onça-pintada é um dos principais símbolos do pantanal, a maior planície inundável de água doce do mundo. Mais do que ser um símbolo, é o maior predador da região e, portanto, uma espécie indicadora de equilíbrio e saúde ambiental em todo o bioma.
Douglas estuda os animais há 34 anos e é um apaixonado pela fauna brasileira, suas peculiaridades e beleza exuberante. Ele explica que cada onça tem um padrão de pintas na testa. “Olha que incrível! É como se fosse a digital delas”, compara o especialista. Sendo assim, é possível fazer a contagem à distância de forma menos invasiva do que outros métodos, que usam, por exemplo, tiro com tranquilizante para imobilizar os alvos. Nesse caso, basta fazer a foto.
Por isso mesmo que todo mundo pode colaborar com a contagem. Turistas e outros pesquisadores já estão usando um aplicativo, o íNaturalis, hospedado no site do projeto, mandando fotos via mídias sociais, como facebook, por exemplo. O sistema é preparado para filtrar possíveis informações erradas.
Dessa mesma forma estão sendo contadas as baleias francas em Santa Catarina e os macacos muriquis em Minas Gerais.
Equilíbrio natural – Na falta de onças, outros animais pantaneiros, como veado e a capivara, por exemplo, proliferam muito e devastam a flora local. Isso muda a ordem natural das coisas e o cenário pantaneiro.
“Por isso que preservar a onça, mantê-la sossegada em sua vida, é o mesmo que preservar o pantanal, da forma como ele é”, explica o pesquisador Douglas. “Esse bioma esteve em equilíbrio por mais de 15 milhões de anos. Não podemos deixar que isso acabe agora.”
Por outro lado, a superpopulação de onças também pode causar problemas, como ataques a humanos que vivem próximos. Um caso em 2008 chamou a atenção para isso. Um pescador, chamado Alex, vivia da venda de iscas para barcos-hotéis da região, que promovem a pesca turística.
“Naquele dia ele tomou muita cachaça em um barco e voltou bêbado para um acampamento que montaram, ele e o pai, em um local onde duas onças frequentavam próximo à Estação Taiamã”, conta o pesquisador.
“Onça é um felino. Não sei se você tem gato em casa, mas se tem vai saber que gato é assim: se você o trata bem, ele te tolera. Se você o trata mal, ele não esquece. Mais cedo eles haviam espantado essas onças com foguetes barulhentos, mas elas voltaram, neste caso, por instinto e atacaram o pescador. O pai dele só ouviu um grito. Depois disso, voltou ao barco e juntou cerca de 20 homens para resgatar o corpo do filho. Quando chegaram lá, as duas onças estavam se alimentando dele. Eu vi as fotos, para não querer ver nunca mais”, relata Douglas, que, por força do ofício, já esteve próximo a elas diversas vezes.
Ele lembra ainda que as onças-pintadas são importantes também para o turismo local. Embora isso ainda seja bem mais incipiente no Brasil do que na Europa por exemplo. “Aqui recebemos 6 mil turistas por ano. A Espanha recebe 55 mil”, compara o pesquisador.
O projeto Bichos do Pantanal é realizado Instituto Sustentar de Responsabilidade Socioambiental com patrocínio da Petrobras. (Fonte: Terra)
sexta-feira, 2 de maio de 2014
Justiça do Mato Grosso suspende licença prévia da Usina Hidrelétrica São Manoel, no Rio Teles Pires
Para aqueles que ainda acham que Licenciamento Ambiental não serve pra nada...vejam a matéria mais abaixo.
Concordo sim com as reclamações de muitos que falam que é um processo lento e moroso, muitas vezes burocrático, porém são estudos ambientais baseados em metodologias científicas, geralmente formulados e aplicados por pessoas que estudaram diversos anos para tal e não em interesses políticos (como está sendo proposto por integrantes do governo). Estes estudos relacionam a fauna, a flora, as pessoas que vivem no entorno de uma área que será afetada e muitos outros pontos, é um trabalho que envolve dezenas e dezenas de pessoas para coletar dados e posteriormente interpreta-los, dessa forma tenta-se projetar o que ocorrerá em toda a zona de entorno de empreendimentos de grande porte (tal qual hidrelétricas - que falam sempre em energia limpa - na verdade é uma energia limpa mesmo, porém a maioria das pessoas não percebe o quanto se destroi para a formação de um grande lago de armazenamento, as consequencias ambientais da formação desse lago, a remoção de diversas comunidades, até de cidades inteiras). Surge como obrigatório pensar-se em alternativas de produção de energia e aqui falo em energia eólica e solar, e esquecer essa ideia de fazer grandes barragens que afetam todo um ecossistema e muitas vezes levam embora belezas cênicas que nunca mais serão vistas (exemplo disso são as hidrelétricas no Rio Uruguai, onde um famoso ponto turístico chamado Estreito do Uruguai já desapareceu no inicio dos anos 2000 e agora querem afundar com o Salto do Yucumã, no noroeste gaúcho).
Eu, como Consultor Ambiental, especialista em um grupo de fauna, afirmo sem ressalvas, que para instalação de empreendimentos de grande porte, é inadmissivel que não existam estudos ambientais que façam um levantamento de dados e interpretação dos resultados, com o objetivo principal de mitigar os impactos que este empreendimento causará e qual o papel do empreendedor para compensar essas perdas.
A ideia destas postagem é de gerar um debate, diante disso espero opiniões de vocês leitores, para que possamos melhorar nossas ideias e crescer sempre.
Abraço a todos.
A Justiça Federal do Mato Grosso suspendeu o licenciamento da Usina Hidrelétrica São Manoel, no Rio Teles Pires. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) deve suspender a licença prévia que concedeu ao empreendimento, sob pena de multa de R$ 500 mil, de acordo com a liminar pedida pelo Ministério Público Federal (MPF).
Em sua decisão, o juiz Ilan Presser, da 1ª Vara de Cuiabá, aponta que os estudos de impacto ambiental da usina mostram que a obra atingirá as terras indígenas Munduruku, Kayabi e Apiaká do Pontal. Nesta vivem indígenas que optaram pelo isolamento voluntário como estratégia de sobrevivência, “É inadmissível a imposição da aceleração de um procedimento complexo de licenciamento, que ignore os impactos socioambientais sobre as comunidades com povos indígenas isolados”, avalia o juiz.
A Justiça também chamou a atenção para o fato de que não se trata de apenas uma usina, mas de um conjunto de empreendimentos que podem mudar a região inteira. O complexo hidrelétrico do Rio Teles Pires prevê sete barragens.
Reportagem de Sabrina Craide, da Agência Brasil, no EcoDebate, 02/05/2014
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